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A arte de ensinar e a arte de aprender (I)

Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Entre a arte de ensinar e a arte de aprender existe uma grande diferença, não obstante acharem-se ambas intimamente vin­culadas. Em geral, quem começa a aprender o faz sem saber por quê; pensa que é por necessidade, por uma exigência de seu temperamento, por um desejo ou por muitas outras coi­sas, às quais costuma atribuir esse porquê. Mas quando já co­meça a vincular-se àquilo que aprende, vai despertando nele o interesse e, ao mesmo tempo, reanimam-se as fibras ador­mecidas da alma, que começa a buscar, chamando ao estudo, os estímulos que irão criar a capacidade de aprender.
 
Porém, que é o que o ser aprende, e para que aprende? Eis aqui duas indagações às quais nem sempre se podem dar res­postas satisfatórias. Aprende-se e continua-se aprendendo, ad­quirindo hoje um conhecimento e amanhã outro, de igual ou de diversa índole. Primeiro se aprende para satisfazer às ne­cessidades da vida, tratando de alcançar, por meio do saber, uma posição, e solucionar ao mesmo tempo muitas das situa­ções que a própria vida apresenta. Quando se completa a me­dida do estudo, parece como se na mente se produzisse uma desorientação: o universitário, ao conquistar seu título, aquele outro ao culminar sua especialização. Enfim, quando essa vi­da de estudos está terminada, começam as atividades nas dife­rentes profissões, o que paralisa a atividade anterior da mente dedicada ao estudo; muitos até chegam a esquecer aquela cons­tante preocupação que antes tinham, de alcançar cada dia um conhecimento a mais, encontrando-se como os que, tendo fi­nalizado o percurso de um caminho, não sentem a necessidade de dar um passo além, por não acharem o incentivo de um obje­tivo capaz de o propiciar. Eis aí uma das causas de onde pro­vém tanta desorientação nos seres humanos.
 
A arte de ensinar consiste em começar ensinando primeiro a si mesmo
De outra parte, os que, além dos estudos da profissão aprendem outras coisas, o fazem muitas vezes sem ter disso verdadeira consciência. Acumulam este, esse e aquele conheci­mento, mas depois – salvo exceções – não sabem o que fa­zer com eles; não sabem usá-los em seu próprio bem, nem no bem dos demais. Assim é como vêm aprendendo ao acaso, em uma e outra parte, sem ter um guia que os leve para uma meta segura e lhes permita fazer de tudo uma aprendizagem útil pa­ra si mesmos e para seus semelhantes.
 
Ao dar a conhecer seus ensinamentos, a Logosofia mani­festa que existe uma imensidão desconhecida para o homem, na qual este deve penetrar. Dá a conhecer, além disso, que enquanto se interna nessa imensidão que é a Sabedoria, isto é, enquan­to aprende, pode também ensinar, porque a arte de ensinar consiste em começar ensinando primeiro a si mesmo, ou, dito de outro modo, enquanto de uma parte o ser aprende, aplica de outra esse conhecimento a si mesmo e, ensinando a si mes­mo, sabe depois como ensinar aos demais com eficiência.
Trechos extraídos do livro Introdução ao Conhecimento Logosófico p. 259 e 260

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