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A vida do poeta tem um ritmo diferente É um contínuo de dor angustiante.
O poeta é o destinado do sofrimento Do sofrimento que lhe clareia a visão de beleza E a sua alma é uma parcela do infinito distante O infinito que ninguém sonda e ninguém compreende.
Ele é o eterno errante dos caminhos Que vai, pisando a terra e olhando o céu
Preso pelos extremos intangíveis Clareando como um raio de sol a paisagem da vida.
O poeta tem o coração claro das aves E a sensibilidade das crianças O poeta chora.
Chora de manso, com lágrimas doces, com lágrimas tristes Olhando o espaço imenso da sua alma. O poeta sorri.
Sorri à vida e à beleza e à amizade Sorri com a sua mocidade a todas as mulheres que passam. O poeta é bom.
Ele ama as mulheres castas e as mulheres impuras Sua alma as compreende na luz e na lama Ele é cheio de amor para as coisas da vida E é cheio de respeito para as coisas da morte.
Seu espírito penetra a sua visão silenciosa E a sua alma de artista possui-a cheia de um novo mistério.
A sua poesia é a razão da sua existência Ela o faz puro e grande e nobre E o consola da dor e o consola da angústia.
A vida do poeta tem um ritmo diferente Ela o conduz errante pelos caminhos, pisando a terra e olhando o céu Preso, eternamente preso pelos extremos intangíveis. Vinicius de Moraes
Imagens: Mônica Silveira ? fotógrafa baiana Música Ernesto Cortazar Formatação Christina Meirelles Neves
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